sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Seriam teus amigos também

Ah amigo,
Tu que para além do pensamento,
Dizias amigo vem,
Não sabes de outro vento,
Que de amigo pouco tem...

Que em terras,
De muito menos fronteiras,
Nem sempre se é bem-vindo, nem que se venha por bem.
Que mesmo havendo quem queira,
Para vir, há que pensar bem...

Aqueles,
Aqueles que arriscaram,
Em qualquer parte,
O mundo mantém,
Que em sonhos acreditaram
E queriam um amigo também...

sábado, janeiro 20, 2007

(in)confidências - resposta a "em dias de desculpa"

Loures, 20 de Janeiro de 2007.


Moço de uma figa,


Que ainda por cima, confessas o enorme gozo que te deu o não redondo, grande safadinho.
E agora arranjamo-la bonita... olha só como ficou o teu trisavô ... é que zangado, nos mete em cada estrangeirinha...
O certo é que, não sei porquê, não lhe resisto. Não sei se é aquele feitiozinho danado, que até lhe eriça a franja e lhe faz esbugalhar os olhitos, se que diacho é, que o torna irresístivel. Quer dizer, não é só isso; um homem daquela idade a praticar parapente e asa delta...que radical, que robustez física. Por outro lado a sensibilidade de apreciar música clássica, que bem. Não liga a cinema, mas também um homem não pode ter tudo... Em compensação, gosta de Fernando Pessoa como eu, que must... tivesse eu mais uns cinquenta anitos e não sei não...
Ai amigo, tu desculpa que até me esqueço que é teu familiar chegado, haja decoro.
E depois tu sabes que, afinal, o que tenho por ele é uma grande admiração, um profundo respeito e uma imensa estima,isso sim.
Mas mudemos de assunto.
Então que é isso de te andares a arrastar na escrita por entre nuvens e olhares ?
Mas olha, enquanto caíres que nem "pena-d'asa-de.uma-cotovia, em coisas que voam no olhar, salpicadas de pirilampos de água,por entre fragmentos de andar a pé, sob um céu iluminado de pingos de luz, que se derretem em sonhos, por sopro leve de asas de vento... sempre te digo, que podes continuar a arrastar-te assim, um deleite.
Seu malandreco, sempre a dizer que não gostavas de embrulhos de presente e olha como embrulhas-te o teu dia em papel de Natal...sim, até te adivinho, não foste tu, foi o matreiro e sorrateiro do nevoeiro...
Eu sei amigo, não perco esta mania de te espreitar por entre nuvens e olhares e ficar, toda entretida, a brincar com as palavras que desenhas, desculpa...

Fica um abraço sorridente e amigo,

da tua

sexta-feira, janeiro 19, 2007

falando de coisas sérias- resposta a "eh meninos..."

Loures, 19 de Janeiro de 2007.


Meu muito querido Sr. Francisco,


Permita-me a ousadia do tratamento carinhoso que não afasta, bem pelo contrário pretende acentuar, o profundo respeito que o Senhor me inspira, por muito considerar a sua profícua idade.
Não sabe, meu querido Sr. Francisco, como admiro a sua firmeza de carácter, a natural irreverência que lhe é tão peculiar, a agilidade de pensamento, a capacidade de zurzir a torto e a direito, sempre que a nobreza da causa o incomoda.
Bem sabe, porque o sei capaz de ver para além do tempo e entender para lá da aparência humana, que o que acabo de dizer, é absolutamente sincero e não qualquer tentativa de o induzir a desculpar-me das minhas falhas, pois que não fujo ao reconhecer e assumir das minhas culpas.
Não era, acredite, minha intenção desconsidera-lo ou de algum modo causar-lhe melindre e se o fiz, ainda que inconscientemente, aqui lhe expresso as minhas mais sinceras desculpas.
Pressinto que lhe agrade em tudo sinceridade e tenho que lhe confessar que estou triste com o Senhor, porque há tempo lhe escrevi uma saudosa carta e não logrei obter resposta.
Sei que me considera lamechas e admito que o seja até por natureza, mas desde que sofro os efeitos secundários de uns medicamentos a que não posso escapar, o senhor nem sabe o quanto se me aguçou o sentir...
Mas também sabe o quanto me entrego por inteiro, na defesa de gentes, literalmente falando, de causas por inerência, de princípios por convicção, de sonhos por continuar a acreditar.
O meu escasso contributo na luta contra o sistemático incómodo que me habita, traduz-se na tentativa de pugnar pela defesa dos mais elementares direitos, liberdades e garantias, de quantos necessitando da defesa desses mais básicos princípios, acreditam que, de algum modo o posso fazer, a cada dia que passa; tão só isso.
Se lamechices de nada valem e efectivamente nada resolvem, abrir discussões teóricas sobre temas de um tamanho melindre, é coisa que deve caber a quem saiba do que fala e o faça de forma séria, contribuindo para combater clamorosas hipocrisias.
Que contributo poderia ser o da Surpreendida, meu querido Sr. Francisco ? Não é fugir ao tema, acredite, é tomar o tema por de tamanho melindre que me parece dever confinar-se, em última análise, à consciência de cada um.
Não me basta sobre o assunto ter ideias e as minhas emoções, não passam disso mesmo... que lhe podem dizer as emoções de uma Surpreendida, a quem circunstâncias da vida, do destino, sei lá, não permitiram concretizar o supremo sonho de ser mãe.
E não se tratou de falta de oportunidade ou dificuldade biológica, mas um filho não é só vontade de uma mãe, um pai, em tudo tem também que dizer... sabe quem me conhece o quanto me pesa nunca ter sentido vida em mim e como entendo ser o supremo encanto de uma mulher.
Quanto sofrimento não causará perder um filho, tamanho o desespero que a tanto tenha levado. Quem somos para o julgar ?
Sabe o Senhor o que até me dói ? Que muitos, tantos, demais, dos que nesta matéria se dizem a lutar pela vida, defendam as guerras, sejam a favor da pena de morte, não se incomodem com a perda de vida pela fome, de milhões e milhões de crianças... quanta hipocrisia meu querido amigo...
Agora reparo no testamento que para aqui vai... o tempo que lhe tomei à toa, tanto para poder dizer e nada dito... repare como falta à Surpreendida, voz com força capaz de abanar o mundo que a incomoda.
Fique bem meu querido Senhor Francisco, e permita que o oscule,

a sua

em dia de desculpas,- resposta aos assaltos

Aveiro, 19 de Janeiro de 2007,

Rapariga de Cristo

Pois é foi um não redondo e feio, mas que me deu um enorme gozo. Aguenta-te que o Nosso colaborador chefe, está de olho em nós e não estamos livres de levar um tremendo KO em publico. Depois da nega, mesmo não sentindo necessidade de explicar a minha ausência, destas “escritas ao acaso”, que tempo arranja-se sempre, nem que seja soluçado, a verdade ( hoje estou para as verdades nuas e cruas..hoje?) é que ando a arrastar-me na escrita, naquela que vou desenhando com o cuidado de um olhar, aquela que não se pensa e que nasce sentida, quase desenhada, quase colorida. Há em mim uma necessidade de ilustrar o sentir e há uma procura permanente de fugir à banalidade da cor. Esta procura da singularidade ( seja flor do campo ou jóia rara) vai cansando e esvaziando a vontade. Foi isso que foi acontecendo aos poucos neste espaço. O Nuveares, foi lentamente tomando posse do meu sentir escrito e o pouco que ia fazendo ficava por entre nuvens e olhares. Depois, sempre pensei que após os primeiros empurrões blogueiros ( Partilhando desafios) , tu tomavas o gosto de sozinha ires alimentando uma independência saudável.
Falta de perspicácia, minha, de não entender que só por aqui andavas pelo prazer da partilha, e que sem ela partias muda e calada. Por issoteres levado o meu Não redondo e feio. Por isso esta tentativa de mudar de estilo e de estar de forma diferente da que estou em Nuveares. Liberta-me o eu, e o eu, assim liberto, descobre tempo lá no meio da nuvens que se escondem das tempestades do dia a dia.
Portanto, menina, mãos às letras e aos desafios, que o nosso Arturzinho ( lá vou eu levar nas orelhas) está de olho e de palavra alerta.
Um beijo,

em jeito de desculpa- resposta a " eh meninos..."

Aveiro, 19 de Janeiro de 2007,

Caro trisavô

Tens toda a razão. Foi esquecimento, cru e nu. Não vale a pena relembrar-te o quanto me distraio com a família. Não que estejas ausente, mas porque sou assim. Impulsivo. A surpreendida picou-me e zás. Coisas de genética.( vamos lá a disfarçar esse sorriso...)
O teu desafio, querido trisavô, é bem mais complicado. Escrever sobre assuntos sérios, é cousa que merece reflexão e não irrequietudes d’alma. Escrever sobre a interrupção da vida, é tarefa gigantesca que precisa de convicções claras e eu neste e noutros assuntos, tropeço nos pontos de vista e fico zonzo sem saber muito bem qual o olhar que me define o querer. Para teres ideia da minha confusão e tentando ir de encontro ao que pretendes discutir, e para eu próprio não me confundir vou começar por separar as minhas indecisões sobre a interrupção voluntária da gravidez, da interrupção voluntária da vida , seja ela o suicido ou a eutanásia. Deste tema falarei mais tarde em cartas outras.
Assim e para teres a certeza inequívoca da confusão que voa nas minhas convicções vou enumerar as certezas a que já cheguei.

Ponto um: Sou e serei sempre ( eu que não gosto nada desta palavra , surge-me aqui perfeitamente desenhada) incapaz de julgar qualquer mulher que opte por interromper a gestação de uma vida que se desenvolva dentro de si ( alma incluída). Apesar desta certeza ficam casos de fora, pois se uma mulher o fizer sistematicamente, manifesta ela própria uma imensurável falta de respeito por si e pela vida, devendo ser, não digo que julgada, mas pelo menos, acompanhada de tratamento médico adequado.
ponto dois: Se fosse médico ( e por vezes tenho pena de o não ser , e são muitas as vezes) seria incapaz de fazer o acto, a não ser por questões de saúde quer do feto, quer da mãe.

Partindo do ponto um, sou levado a concluir que julgar ou punir uma mãe que decide por interromper a vida que gera dentro de si, é acto que me incomoda ( pesa ) a consciência. Não acredito que alguém consiga optar por acto tão drástico sem sofrer ela própria condenação e sofrimento, incapaz de ser quantificado ou avaliado por alguém que olha de fora. O que temos todos que ter em consciência é que interromper voluntariamente a gestação de um ser, não é, nem nunca poderá ser um acto contraceptivo. É para este aspecto que devemos canalizar toda a nossa atenção. A sociedade tem que estar organizada para saber educar e não para punir. Educar é no meu ver, querido trisavô, o elemento fundamental para a evolução do homem.
O que me irrita no meio disto tudo é a enorme hipocrisia, acentuada numa religiosidade desenquadrada no tempo e sem memória. Não vou, porque seria incapaz de julgar em momento algum, a fé de cada um, mas sinto uma enorme necessidade de questionar a igreja ( neste caso a católica) sobre a indescritível hipocrisia que tem acompanhado a sua (des) evolução histórica. Não vou sequer citar os escritos, ou passagens emblemáticas dos Evangelhos, mas fico irritado quando oiço os representantes da Igreja a julgar quem quer que seja.
Haverá morte mais inútil que aquela que provém de matar em nome de Deus?
Quantas mortes em nome de Deus, tem a Igreja penduradas na consciência?
Qual a moral da Igreja ( instituição) de condenar qualquer mulher ( seja Madalena ou outra) que opte por não prosseguir a vida que gera dentro de si?
Como pode a Igreja ter um discurso anti contraceptivo e depois condenar a interrupção involuntária da gravidez?
Pensará a Igreja que a relação sexual do homem é uma relação animal ( relação reprodutiva), ou uma relação de afectos?

Espero que entendas o quanto é difícil para mim ter certezas sobre este assunto, nem obviamente espero que esperes que eu tenha solução para ele. Não me sinto a pessoa mais indicada para apontar soluções, mesmo sendo Pai, julgo que a opção limite ( estou crente que qualquer opção de interromper a vida, é sempre uma solução limite ) passa sempre pela Mulher que a pratica. Não estou com isto a fugir ao problema ou a tentar lavar as mãos. O que pretendo realçar é que qualquer que seja o acto de consciência, a decisão de rotura é já em si uma enorme condenação afectiva e emocional, que se vive muitas vezes no silencia das lágrimas.
Não querendo encerrar o assunto, por ora, porque sem hora, fico-me por aqui, com um abraço do teu sempre amigo, e tris-neto,

quinta-feira, janeiro 18, 2007

2º assalto - ainda a resposta ás teimosias do almaro

Loures, ainda 18 de Janeiro de 2007.


Meu muito querido Almaro,

Continuando a resposta à tua carta, queria dizer-te que:

Na verdade, de há muito te percebo sem tempo, para desenhar o teu próprio sentir no colorido das palavras; para deixares esse teu olhar vagabundo, simplesmente ir...para a mistura das tintas e o encanto da cor, na paleta colorida, com que pintas sem palavras e que me fez reparar em ti.
Sem que nunca tenha percebido o que a tanto te levou, criaste-me surpreendida, desafiando-me numa partilha de escrita que me deixou e continua a deixar, absolutamente honrada e sinceramente surpreendida.
Adoro o carrapito que nunca tive e vivo encantada com a profissão de costureira de sorrisos e de estrelas, que me escolheste.
Sinto-me profundamente agradecida, por toda a partilha e pelo caminho de amizade que temos percorrido.
Sorrio, perante a surpresa do sentir que te sei, sem nunca te ter olhado e eis-me de novo surpreendida.
Como já terás percebido, ando perdida na procura de um estilo do desenhar das palavras, que seja verdadeiramente o das cartas.
Sabes como me assusta a falta de dom para a escrita, mas tento-me com um desafio e, mais uma vez, aceito arriscar.
Continuemos a partilha para além do tempo, no tempo de um e de outro.
Aceita um abraço sem limite de tempo, da

sempre tua Surpreendida.

1º assalto - resposta ás teimosias do almaro

Loures, 18 de Janeiro de 2007


Meu querido amigo Almaro,


Como solicitavas, aqui estou a responder à tua carta do dia 17, passado ainda muito próximo.
Oh amigo, aqui entre nós que ninguém nos ouve, achas mesmo bem pespegares-me assim, em público, com um redondo Não nas fúcias...? apre... ainda tenho a bochecha zonza...
Uma pessoa para aqui toda cuidados com o teu bem estar, a perceber como a falta de tempo se fez tua sombra, a querer deixar-te liberto da tua função de meu querido editorzinho e o que é recebe em troca...? um imenso e bem redondo Não, nas trombas...
Assim, vindo do denso nevoeiro, em vez de um tão esperado D. Sebastião... o teu redondo Não! Olha que uma destas...
Tá bem que, depois de me tentar refazer da pública vergonha, ainda com aquele descomunal Não, a bailar-me à frente do nariz, lendo mais cuidadosamente o fundamento da nega, confesso que fiquei mais animadita.
Ajudou que tivesses reconhecido, também publicamente, essa tua " teimosia verdadeiramente irracional".
Fizeste-me lembrar o meu querido Patrono de profissão, quando dizia ter uma filha tão teimosa como uma mula, a quem só lhe faltaria mesmo escoicinhar...
Por outro lado, não precisavas explicar que não gostas de promessas, especialmente as que poderás não conseguir cumprir, que a gente sabe...
Sabe que, por essas e por outras é que nem bem chegas-te a nascer para a política... adiante.
Ai amigo, olha o testamento que já para aqui vai e acreditas que ainda nem comecei a responder-te ao que verdadeiramente queria ?
E o diacho, é que estou no fim do meu tempo livre de almoço, se não te importasses, voltava a escrever-te mais logo, para terminar a resposta.
Agora vê se não me aplicas um novo valente Não, que ainda não estou refeita do outro e não tenho a tua capacidade de te recompores dos tombos...
Ai credo, ainda bem que isto fica só entre nós, olha a surpresa dos nossos leitores, eles sim surpreendidos,com esta Surpreendida, apanhadinha de todo, pelo teu redondo Não.

Deixa-te um abraçito, ainda meio zonzo,

a tua Surpreendida

eh! meninos...e eu...um pouco mais de respeito!

Vila do Conde, 18 de Janeiro 2007

Oiçam lá meninos,

Mas que pouca vergonha vem a ser essa, convidam aqui um pobre diabo, para o vosso espaço e sou obrigado a ler, assim preto no branco que não valho um caracol, que sou um trapo velho esquecido, um fantasma esquizofrénico? Um pouco mais de educação! É verdade que contribuo pouco para este “vosso” / Nosso? Espaço, Mas não estou habituado a esta falta de consideração.
Se não houvesse nada a dizer, fechava-se já este pasquim, mas carago, anda aí meio mundo a voltar as costas a outro meio mundo, andam para aí uns arautos da indiferença que é preciso contrariar, e vocês sem nada para dizer. Se tu, almaro és teimoso, (sei bem que o és) usa essa tua teimosia, para gritar, para discutir, para debater, para alertar o que te vai nos olhos, e tu Surpreendida, defensora das boas causas ( perdidas) vá de usar essa imaginação para abanares o mundo que te incomoda (sei bem que te incomoda). Por isso deixem-se de lamechices e mãos à obra.
Porque não abrem a discussão sobre a interrupção voluntária da vida?
Ah!
É assunto sério! E os meninos não se querem comprometer! Pois se é para não se comprometerem escusam estar a fingir que tem ideias ou que tem emoções ou ( afectos?, é assim que tu, almaro chamas ás emoções? Balelas meu filho! Balelas!) Pois venham as emoções! Já ! Com ou sem tempo!
Para a próxima, quando decidirem o que querem fazer deste "Nosso" espaço, digam-me alguma coisa, fica-vos bem, mesmo que não me oiçam!

Francisco

quarta-feira, janeiro 17, 2007

teimosias

Aveiro, 17 de Janiro de 2007

querida surpreendida,

Dei comigo sem tempo.
As letras que desenham o que os olhos pensam, esquecem-se que para se lhes dar forma, para as esculpir, é preciso tempo. Um jardim sem jardineiro é jardim sem flores. Culpa minha se olhei para o lado à procura do tempo e descuidei o afecto.
Este é um espaço de afectos.
Foi criado com afecto e continuará assim. Surpreso, para a surpreendida. Só assim faz sentido, este espaço escrito ao acaso do vento. Ela, a surpreendida, pediu encerramento. Esqueceu-se ela que sou teimoso. Não gosto de encerrar nada que não seja meu por inteiro. E este espaço não é meu, nem dela, é do tempo que temos, um e outro. É um ponto de partida e de partilha. Nunca será um ponto final por falta de tempo. Também não gosto de promessas, apenas "prometo" continuar teimoso e a manter este espaço aberto ao destempo. Tem um propósito este espaço, para além da partilha, o de alimentar uma amizade, que por razões do acaso se encontraram, desconhecendo-se de olhos, mas conhecendo-se de sentires. Por isso por mais que ela peça para encerrar este ou outro espaço partilhado entre ambos, irá deparar com a minha teimosia. ( e aviso desde já que nestas cousas da teimosia sou verdadeiramente irracional).
Querida surpreendida, devolvo-te o mail que me escreveste em jeito de suplica educada, para por fim a este nosso espaço, devolvo-te publicamente um Não redondo!
beijos

ps: a menina já deve ter percebido ( surpresa?), finda esta leitura, que o desafio agora é de cartas, por isso agradeço resposta pela mesma via!

pedido

Meu amigo, Queria pedir-te que suspendêssemos o nosso Escritas e, se achasses que sim, punhas lá o seguinte :

Saberão os meus amigos, que foi o Almaro, quem fez nascer a Surpreendida, desafiando-a para a escrita. Com infinita paciência, criou os blogs, editou sempre os escritos, deu título a todos eles... Mas está sem tempo, sem disponibilidade.
Suspenda-se pois este nosso Escritas ao Acaso.
É tempo de não tomar tempo, a quem de tempo precisa...
Permitam que vos costure um sorriso amigo, a vossa Surpreendida.

Pode ser assim??

Um abraço Surpreendida

segunda-feira, dezembro 25, 2006

no dia do menino



Não apaguem a magia do Natal
Não deixem de ser Solidários
Não esqueçam a Partilha
Não percam a Esperança
Não desistam do Sonho
de ver um Sorriso
no rostinho de cada Criança...

quarta-feira, dezembro 20, 2006

passeios

Vila de Óbidos
dezembro 2006

terça-feira, dezembro 19, 2006

negritudes de um limite

Pinta-se a alma de negro angústia,
Aperta-se o nó laçado no peito,
Por náufrago no limiar de todas as fronteiras...
Descoberto para cá da linha do infinito,
Resgatado por anjos sem asas,
Marcam-no sinais de luta quase perdida...
Em prelúdio de advento,
Supremo encanto de celebração de vida,
Renasceu-me o sorriso no olhar...

sábado, dezembro 02, 2006

encontros

Deslizam gotas de chuva como dedos
Pelo corpo dourado dos raios de sol.
Sorri o arco-íris, que percebendo a paixão
Se esconde nas nuvens.
Carrega-se o céu, oferecendo o refúgio
De um escuro de noite.
Sopra o vento mais forte
Num crescendo de louco desejo...
E num supremo encontro de amantes...
Escutam-se gritos que rasgam o céu
Em êxtases de luz !
Desce o silêncio...
O sono tranquilo da natureza,
Serena e em paz...

terça-feira, novembro 21, 2006

as cores do dia que se chove ao sol

O dia pintou-se de luz dourada.
O Sol e a Chuva em seu namoro,
Abriram um sorriso de arco-íris...
O Tempo sereno, sorriu também,
Encantado com o brilho de um tal amor...

domingo, novembro 12, 2006

nas bordas da seda




Casou-se a seda com o linho
Num amor sem igual
A seda vinda da Índia
O linho de Portugal

Ponto a ponto bordado
Colorido encantamento
Eis a Colcha de Noivado
Para o dia do casamento

Desenhos simples de pobres
Profusos motivos eruditos
Gentes plebeias ou nobres
Em colchas tesouros ricos

Nas árvores de vida e beleza
Nascem cravos de virilidade
Pendem romãs de riqueza
Pousam pássaros de felicidade

Símbolo de gente raiana
Em ponto Castelo Branco
Qual obra de filigrana
Colchas num puro encanto

terça-feira, outubro 24, 2006

entre-laços, a só...

Trazer mãos vazias de outras mãos
Sem dedos de ternura entrelaçados
Olhar sem rumo
Pensamentos tristes, apagados
Alma de sonhos cativos
Mar de sentidos que se queriam navegados...

domingo, outubro 15, 2006

são crianças...


Estou de pé,
Como tantos outros,
Levantada contra a pobreza...
Estou de pé,
Mão na consciência,
Obesa de comodismo...
Estou de pé,
Por um minuto,
Por infinitos minutos...
Estou de pé,
Meus olhos rasos de água,
Fixos no imenso grito daquele olhar...
(fotografia UNICEF de Alejandro Balaguer)

quero





Não te sei nome, nem história, vagueias por aí no silêncio de um grito. Conheço-te na angústia da dor que não se ouve. Na verdade não tens nome, porque nome nasce na família e, se a tiveste, perdeste-a no silêncio do teu grito. Queria saber o teu nome. Temos o hábito animal de só chorarmos os nossos, e só os nossos tem nome e rosto, só os nossos não são número, e os números não causam dor. Só os grandes números incomodam, mas gritam em silêncio, e tu és apenas um, e não tens sequer rosto. Já ninguém vê o olhar que escondes na sombra do Mundo. Quero saber o teu nome, e os outros todos que o não tem. Quero olhar os teus olhos e todos os outros que já não tem lágrimas. Quero-o saber porque sou animal, e os animais só choram os que lhe são próximos.

Resposta em silêncio ao alquimista

e à Betty



fotografia original de Finbarr O'Reilly ( esta foto foi alterada por mim sem autorização do autor, o original, sem desfocagem será resposto caso o autor, ou quem o represente assim o manifestar)

segunda-feira, outubro 09, 2006

passeios conduzidos...na alma

Deixar-me conduzir
Pelo ondulado
De montes e vales
Em tempo de Outono...
Saber de lugar calmo
Aprazível
A avistar saloios vinhedos...
Mais que alimentar o corpo
Alimentar a alma
Agradecendo a partilha
Serena e amiga...

sexta-feira, outubro 06, 2006

bem querer, mal querer...

Era assim poder escrever
como quem canta
trovas de vento
canções de Maio
hinos de esperança...

Era assim cantar
como quem escreve
prosas de vida
histórias de sonho
poemas de bem querer...

quarta-feira, setembro 27, 2006

Alex

"A madinha Manela
Foi p'a casinha dela"
O afilhado Alex
Há-de ter um duplex

"A madinha Manela
foi p'a vidinha dela"
Diz o Alex afilhado
Ali todo repimpado

A madinha Manela
Dorme na caminha dela
O afilhado Alex um dia
Não deixa a dele vazia...

A madinha Manela
E o sorriso dela
Todo encantado
Com o Alex afilhado

sexta-feira, setembro 22, 2006

coisas de manas

Que senhora tão humana
Oh que excelente visão
Lá me encontrou uma mana
Ainda que noutra encarnação...

Foi mais longe na visão
olhou muito bem e zás
Viu-nos gémeas pois então
Tá dito, não volta atrás

Filha única, nem pensar
Era triste ser sózinha
Parentesco de inventar
Que rica coisa maninha

terça-feira, setembro 19, 2006

ondulações do vento que abraça

Peço ao vento que sopra
Que sopre devagarinho
Não vá enfunar a vela
Fazer tombar o barquinho

Que leva nele um menino
Feito marinheiro a brincar
Como que a cumprir o destino
Do gosto que tem pelo mar

Vai-te embora nevoeiro
Que o menino é distraído
Não sejas tu traiçoeiro
Não fique o menino perdido...

terça-feira, setembro 12, 2006

o grau zero

Passei parte do fim da tarde do dia 10 de Setembro a ver um documentário que passou na sic-noticias: Dois irmãos franceses faziam uma reportagem sobre o dia a dia de um bombeiro de um bairro de N.Y. Pretendiam mostrar a transformação de um jovem aspirante a bombeiro, num homem.
Os acasos, e a vida, têm destas coisas e quer a equipa de reportagem quer a corporação de bombeiros foram apanhadas nos trágicos acontecimentos de 11 de Setembro, que passaram a relatar com a intensidade negra dos acontecimentos.
Curiosamente não foi a tragedia ( vista e revista até à exaustão que acaba por nos tornar ausentes) que mais me incomodou, Não foi o perceber que naquele preciso momento desabavam 2.836 vítimas, transformadas em pó, Foi a naturalidade com que se deu a transformação daquele jovem. Entrando na corporação com o entusiasmo de salvar vidas, (disse-o várias vezes durante o evoluir da sua formação de Homem de Paz), Após os acontecimentos, revela que “se for chamado para matar em nome do seu País que vai sem qualquer hesitação…”
É isto o terrorismo, um cancro de ódio que mina o sentir e os afectos, num ciclo de infecção imparável. Pior que qualquer outra doença, esta atinge-nos naquilo que de mais nobre, e em que mais nos diferencia comoo seres humanos; a nossa capacidade de nos darmos aos outros. Mina e corrói a alma de tudo e de todos, num ciclo que só termina com a aniquilação total do outro.
Temos que urgentemente parar esta escalda do ódio que nos corrompe e aniquila...

Por vezes, penso se não seria bom que de um momento para o outro, fossemos todos acometidos de uma total perda de memória, que nos esquecêssemos de toda a história que carregamos no existir, e com serenidade, acordar no grau zero da humanidade, limpos desta doença que nos mina o olhar e o sentir…

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro, ou qualquer outro dia

Texto junto às torres: “2.863 pessoas morreram.”
Texto junto ao homem: “40 milhões de infectados pelo HIV no mundo.”
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a SIDA” .



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao velho: “630 milhões de sem-teto no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a POBREZA”.



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao garoto: “824 milhões de pessoas morrendo de inanição no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a FOME.”


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(*)Imagens de anuncio da MTV proibido nos estados unidos da américa
nota: este post foi executado em partilha com a surpreendida

vapores da terra

Num sulfuroso odor que se espalha
De vapores que dão alívio
De fortes jactos que massajam
Mergulhando em banhos termais
O corpo submerso descontrai
Cada poro aspirando a cura
Querendo a Saúde Pela Água
Tirada ao seio da Terra...

domingo, setembro 10, 2006

escrito ao acaso, no (des)equilibro de um labirinto

Querer fugir como que a caminhos já antes percorridos...
Recear que espreitem becos sem saída...
Tentar fingir que não existem, que não se sentem...
Mas havendo quem neles fale repetidamente...
Penso e cansada me confesso...
De percorrer labirintos de (em) mim...

terça-feira, agosto 22, 2006

oferendas de luz

Fechar os olhos de mansinho...
Embalada pelo marulhar das ondas...
Numa serenidade envolvente...
Acolhida pelo macio da areia...
Oferecendo o corpo à carícia quente do sol...

segunda-feira, agosto 21, 2006

abraços de névoa

Encolhida no areal
Envolta em aroma forte de maresia
Espreitando o horizonte e o deslizar suave das nuvens
Escutando a canção dolente do mar
Esperançada num raio quente de sol...

segunda-feira, julho 31, 2006

quando as palavras voltam e o sentir permanece

No mais puro encanto de um soninho tranquilo, acabado de chegar ao mundo...
O renascer da esperança, o motivo do continuar...
No silencioso pacto de quem assim se deslumbra...
A promessa de que nada, ninguém apagará o sonho de acreditar...
A certeza de que no olhar dos vossos filhos, meus amigos...
Havemos de encontrar, laços de amor, sementes de PAZ...!

terça-feira, julho 25, 2006

são crianças, Senhor


Senhor, Escrevo-te,,, sim, a Ti, para que vejas, para que sintas, para que Te ENVERGONHES!
Pior que a morte, é a morte da alma de uma criança,,, Dessa criança que sorri e brinca com a crueldade de se deixar abraçar pelo ódio e pela indiferença.
Quando o sonho de uma criança se pinta nos olhos da morte, há qualquer cousa de irreal, qualquer cousa abjecta, animal, vómito, angustia, dejecto, excremento, podre que fustiga a alma,e nos devasta em temporal...

Que "cousa" é essa que engendra tão cruel imagem? Que povo é este? Que Deus é este?

Tivesse eu palavras!

Restam-me as do poeta,,, e resistir


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Pedra filosofal - António Gedeão

quinta-feira, julho 06, 2006

fado do Ver

Há um olhar vagabundo que sentindo as cores as pinta
em palavras...
Há quem as leia fazendo-as suas cravando-as
no peito...
Há quem crie um ideal de sonho mitigado a cada dia que passa...
Há quem tanto lhe baste para gritar bem alto que foi cativado...
Ah ,
esse olhar vagabundo que assim feito mito tristemente vive
assombrado...
E digam lá que não pode
sentir-se
desenhar-se
escrever-se
ou
falar-se
um fado...

segunda-feira, junho 26, 2006

se souberes, vai, com o vento ( tempo?) que passa

E se souberes que para alguém a quem amas,
O tempo possa estar a escassear...
Não percas tempo com mágoas, lágrimas, revoltas...
Transforma em força e dádiva o teu sentir,
Que o tempo urge...

terça-feira, junho 20, 2006

ao som do jazz

Mergulhar fundo nos pensamentos...
O olhar perdido no infinito...
Espreitar a vida de mansinho...
Sentir a emoção antes da lágrima...

Saber de um corpo assim sedento
De palavras que o percorram como dedos
Penetrado bem fundo pelo som do jazz em ritmo crescendo
Pintado de mil cores por mão de mestre na suprema magia dos sentidos...

sexta-feira, junho 16, 2006

o eco do tempo

Quando a alma resvala para o peito...
Quando o pensamento teima em ser sentidos...
Contra a força de uma vida definida, poderão sonhos...?
Quem sabe escutar o tempo...!

terça-feira, junho 13, 2006

fute(bois)

Gosto de futebol. É normal. Vejo o futebol como vejo um filme. (Para passar um pouco do tempo. Para me ausentar do tempo). Tanto um como outro, são espectáculos. Tanto um como outro têm, aqui e ali, algo de mágico…de arte ( admito). São no entanto, um e outro, actividades económicas, onde deixou de haver decoro e bom senso relativamente ao valor real do produto consumido e da importancia que se lhes permite ter na sociedade.
Sem um médico, sem quem “amanhe” a terra, sem um bombeiro, pode-se morrer, mas se não existir cinema ou futebol, certamente ninguém irá visitar as minhocas antes do tempo que lhe foi dado para existir.

Algo anda trocado no bom senso da humanidade!

Assistir ao empenhamento do Presidente da Republica, ao entusiasmo do Primeiro Ministro, ainda entendo, assim como assim, são as nossas exportações que se potenciam nesse mercado-guerra que se instalou no existir de cada um. Assim como assim lá vão para países outros, ilustres portugueses, promover o que de melhor se faz no país...com os pés ( imagine-se o que se poderá fazer com a cabeça!)…[ dava um bom slogan de promoção da pátria Lusa ( qual Bandarra, qual Pessoa, qual Quinto Império), ( com os pés fazemos isto ( e projectava-se o Figo )…imagine o que fazemos com a cabeça! ( e projectava-se … o Pauleta?)…que se lixe o Saramago!)]

sábado, junho 03, 2006

sem violência, até o escuro tem cor...

dá-te ao trabalho de ver este video...sente-o...
depois,
não te dês ao trabalho...
simplesmente vai
e
abraça!

quinta-feira, junho 01, 2006

hoje...é o dia


algures no mundo



Em gritos de silêncio...
migalhas que matam fome...

sexta-feira, maio 26, 2006

pedaços (es)partilhados

Poeta pensador, palhaço de si próprio,
Seu olhar livre e vagabundo...
Em nuveares sonha e sente o existir...
Pintou histórias sem tempo e silêncios em aguarelas,
Marinhou em cartas e noutros mares.
Desenha linhas que se intersectam em cores,
Partilha desafios e escritas ao acaso,
Ninguém o sabe nas palavras em que se esconde,
Mas em cada pedaço de si assim espalhado,
Encontram-no senhor por inteiro do seu sentir...!

terça-feira, maio 23, 2006

sem pretender resposta, no entanto é uma pergunta...

Já alguma vez te sentiste tão comprometido com a vida, ao ponto de te esqueceres dela?

segunda-feira, maio 15, 2006

os destempos do não querer

Presos numa só cor, ou em cor nenhuma,
Vivendo à margem do mais puro da alma,
Fugindo à tentação de um golpe de asa,
Acomodados no medo de um sentir novo,
Conformados com migalhas de sonho, de ilusão,
Encostados à vida sem realmente a viver,
Para aqui parados no tempo de nós próprios,
A querer ser livres...

quinta-feira, maio 04, 2006

descobrires

Deixem seguir os passos pelo velho empedrado...
Escutem o chilrear escondido no frondoso das árvores...
Arrisquem invadir o recato do jardim...
Espreitem o pedaço de céu que parece poder agarrar-se...
Abeirem-se do varandim e dos seus convidativos bancos...
E descubram ali, a vossos pés...
Um Tejo imenso e resplandecente da luz poética do sol poente...
Uma Lisboa magnificamente espraiada, em deleite, pelas sete colinas...
O Rio, todo vaidoso, a usar a ponte como um anel de namorar...
A Cidade, princesa moura de mil encantos, também ela encantada...
Acolhem-se no sonho de uma noite de amor eterno...
Para sempre Tejo cativo...
Lisboa pronta a amar...

segunda-feira, maio 01, 2006

cousas de multidão

Não gosto de multidões. Perco-me nelas ( delas e de mim) . Mesmo dessas de Maio, onde todos se fingem de UM.
Um um assim, fica mal em cada um. Parecemos papagaios-marioneta revoltados.
Sei que o sou, esquisito. Mas prefiro a onda, ao Mar, mesmo gostando de azul e de gaivotas, apenas porque a onda se torna branca sendo do mar-azul, (mesmo sabendo que sem mar não há onda, e que esta só se espuma-de-branco, empurrada por Ele).
Não gosto de multidões, porque me deixo de ver e sentir, dentro delas. Mas já fui voz de grito solidário, vezes muitas, já me deixei ser Mar vezes sem conta. Mas nunca ouvi o meu grito. Sei apenas que o dei. Porque fiquei sem voz. Na multidão todos ficamos sem voz, porque não temos rosto, e o grito, mesmo que sentido não é nosso, é do Um, é do Mar.

abraços

E em Maio, um povo livre, de braço dado, acreditou...

sexta-feira, abril 28, 2006

ainda em Abril

Eu, palhaço (de Quixote) que me arrasto no nome Francisco, ando irritado.
Tenho urticárias na pele e no ver, que me arrepelam os sentidos.
Não tenho noção exacta do que me provoca o desconforto de existir neste limbo social, onde todos se balançam com cus de pinguins.
Nunca fui , na essência revolucionário, talvez por ter vivido adolescência rebelde num país que procurava adaptar-se à liberdade e que aqui ou ali a confundiu com libertinagem. Mas sempre fui irreverente, desacomodado com tudo, irrequieto no sentir e no olhar.
Isto, para dizer ( reafirmando no escrito)que "Gosto de flores!".
Quaisquer!
Basta que sejam flores. Do campo ou de estufa, desde que não sejam de JARRA! Muito menos de plástico!
O meu problema ( de hoje, da urticária , do desconforto,da irritação, da indignação silenciosa e contida) são as flores. Cravos ou outras.
Quaisquer !
De tanto as usarem, de tanto as colherem ou copiarem, desbotaram!
Morreram de função!
Como os nossos representantes ... [ do povo? somos nós individualmente povo? será o meu desalento , do povo?
Representam eles (os pinguins) o povo? a nossa indignação? o nosso desconforto?].
Como os nossos deputados... De plástico. Colhidos. Murchos. (En)cravados na mediocridade de serem simplesmente imitações!
Gosto de pinguins, mas não aqui. Lá de onde eles são ( a marchar, a dormir, a pescar ou simplesmente a amar). Não sentados ALI a fingirem-se inteligentes. Gosto deles autênticos!
O que me pergunto, é se existe democracia de facto, quando deparamos com enorme imbecilidade, e nos deixamos acomodar por flores murchas, decepadas, pastichadas, falsificadas!

Ah que saudades de sentir o País Vivo! Autentico! INTEIRO!

terça-feira, abril 25, 2006

flores em forma de sonho

Então o sonho saiu à rua e a arma floriu...