segunda-feira, julho 31, 2006

quando as palavras voltam e o sentir permanece

No mais puro encanto de um soninho tranquilo, acabado de chegar ao mundo...
O renascer da esperança, o motivo do continuar...
No silencioso pacto de quem assim se deslumbra...
A promessa de que nada, ninguém apagará o sonho de acreditar...
A certeza de que no olhar dos vossos filhos, meus amigos...
Havemos de encontrar, laços de amor, sementes de PAZ...!

terça-feira, julho 25, 2006

são crianças, Senhor


Senhor, Escrevo-te,,, sim, a Ti, para que vejas, para que sintas, para que Te ENVERGONHES!
Pior que a morte, é a morte da alma de uma criança,,, Dessa criança que sorri e brinca com a crueldade de se deixar abraçar pelo ódio e pela indiferença.
Quando o sonho de uma criança se pinta nos olhos da morte, há qualquer cousa de irreal, qualquer cousa abjecta, animal, vómito, angustia, dejecto, excremento, podre que fustiga a alma,e nos devasta em temporal...

Que "cousa" é essa que engendra tão cruel imagem? Que povo é este? Que Deus é este?

Tivesse eu palavras!

Restam-me as do poeta,,, e resistir


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Pedra filosofal - António Gedeão

quinta-feira, julho 06, 2006

fado do Ver

Há um olhar vagabundo que sentindo as cores as pinta
em palavras...
Há quem as leia fazendo-as suas cravando-as
no peito...
Há quem crie um ideal de sonho mitigado a cada dia que passa...
Há quem tanto lhe baste para gritar bem alto que foi cativado...
Ah ,
esse olhar vagabundo que assim feito mito tristemente vive
assombrado...
E digam lá que não pode
sentir-se
desenhar-se
escrever-se
ou
falar-se
um fado...