segunda-feira, maio 01, 2006

cousas de multidão

Não gosto de multidões. Perco-me nelas ( delas e de mim) . Mesmo dessas de Maio, onde todos se fingem de UM.
Um um assim, fica mal em cada um. Parecemos papagaios-marioneta revoltados.
Sei que o sou, esquisito. Mas prefiro a onda, ao Mar, mesmo gostando de azul e de gaivotas, apenas porque a onda se torna branca sendo do mar-azul, (mesmo sabendo que sem mar não há onda, e que esta só se espuma-de-branco, empurrada por Ele).
Não gosto de multidões, porque me deixo de ver e sentir, dentro delas. Mas já fui voz de grito solidário, vezes muitas, já me deixei ser Mar vezes sem conta. Mas nunca ouvi o meu grito. Sei apenas que o dei. Porque fiquei sem voz. Na multidão todos ficamos sem voz, porque não temos rosto, e o grito, mesmo que sentido não é nosso, é do Um, é do Mar.